Nesse contexto, Aristóteles definiu a política como uma ciência, a arte do bem comum. A cidade deveria ser governada em proveito de todos e não apenas dos governantes ou da oligarquia.
Se pegarmos também na conceção de São Tomás de Aquino, a política é a “arte de governar os homens e administrar as coisas”, visando o bem comum, de acordo com as normas da razão.
Atualmente, quando se fala em política, temos, ideologicamente, o costume de pensar naquela que é partidária, que existe e se organiza com o objetivo de lançar candidaturas e eleger os seus representantes.
Considero essa política muito importante, pois é desse exercício primeiro que depende o sucesso futuro do país ou da cidade. Escolher o candidato certo deverá ser sempre escolher a pessoa mais adequada para assumir as responsabilidades inerentes à governação - mais preparada tecnicamente, com mais experiência e com valores éticos inabaláveis.
A outra forma de política é a que podemos chamar de “individual”, que está presente no nosso quotidiano e da qual frequentemente nem nos apercebemos. Pode assumir diversos registos, como a crítica ou a discordância de algo que não achamos correto. Essa política individual é necessária também e, colocada em ação, poderá ajudar ao melhor desempenho da política partidária.
Para que tal ocorra, é fulcral que cada um de nós desperte para o senso crítico da realidade e passe a exercer, com garra, o papel de cidadão político, tomando decisões conscientes dentro da sociedade em que atua.
É a ação política que orienta a ação do poder público e aumenta ou diminui esse poder.
Muitas pessoas afirmam categoricamente que não gostam de política. A meu ver, sofrem à partida um prejuízo irreparável por não gostar ou não participar nela. Quanto mais distantes nos mantemos da política, mais distante a nossa dignidade fica. Por vezes, não percebemos como as decisões políticas afetam o nosso dia a dia. Um exemplo são as medidas económicas do poder central que atuam decisivamente sobre os nossos salários e sobre os impostos e taxas que pagamos.
Tudo são decisões políticas e nenhum cidadão sensato deveria ignorá-la. Pelo contrário, deveria procurar compreender e participar nela, tal como os cidadãos gregos na antiga Grécia.
Os direitos dos cidadãos obrigam aos deveres dos agentes políticos.
Adélia Morais
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