“Para a política o Homem é um meio, para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da Moral sobre a Política”
Ernest Renan
Os Independentes.
Os movimentos de cidadãos e a sua participação nos processos eleitorais enriquece a Democracia e pode, na minha opinião, transformar o debate político e eleitoral, tornando-o mais profundo, na justa medida em que, aumentando o leque de intervenientes aumentará a probabilidade de surgir um novo conjunto de posições, novas ideias, novas propostas e eventuais novas soluções para os problemas e preocupações, que assolam diariamente as populações.
Considero por isso saudável que, na vida em democracia, surjam movimentos de cidadãos nos processos eleitorais autárquicos.
Mas teoricamente.
Teoricamente, porque na prática, muitos dos movimentos que surgem em épocas eleitorais, auto propalados como candidaturas independentes, nada têm de independentes, afirmando-se sim contra os seus partidos e muito dependentes da política do “ser do contra” o que, na maior parte das vezes, aniquila a mais-valia que seria a sua participação verdadeiramente independente nos actos eleitorais.
Na prática, o que se tem verificado ou o que se verifica é que muitos dos Movimentos de Independentes são agremiações de ex-qualquer coisa: ex-militantes de partidos, ex-autarcas, ex-candidatos, excluídos, ex, etc…, condenando assim, salvo raras excepções, os respectivos movimentos a morrerem como nasceram, sem fôlego, sem ideias, sem projectos, sem… futuro.
Pelo país fora, vão-se anunciando pretensas candidaturas de independentes para as próximas eleições autárquicas, algumas, poucas, visam procurar o debate, aportar mais-valias, trazer ideias novas, outras, a maioria, servem apenas para protagonismos pessoais desfilarem na passarela das vaidades.
Em Chaves, anunciam-se candidaturas a candidaturas de candidatos, mais ou menos independentes, sem se saber sequer quem são os candidatos, ou qual é a candidatura, ou se há ou vai haver candidatura. Isto tudo pretensamente. A verdade é outra, infelizmente não importa discutir ideias ou projectos, o que efectivamente importa é discutir pessoas, é estar contra, é o acessório e não o essencial, é o pântano, o lamaçal, o riso fácil.
Desengane-se quem age desta forma e segue estes caminhos, quem pensa e se autopromove assim, pois isto soa a música gasta aos ouvidos dos eleitores.
Os eleitores esperam a publicação de programas sólidos, esperam pela apresentação dos candidatos aos diferentes órgãos autárquicos, esperam verdade e competência.
Se alguns movimentos de independentes, e os seus protagonistas não tomarem consciência do ridículo, não irão sequer intrometer-se nas tradicionais disputas entre partidos.
Os movimentos de cidadãos são uma mais-valia nos sistemas democráticos, assim o fossem algumas candidaturas de independentes.
Sempre lamentei o facto dos movimentos de cidadãos, não poderem concorrer as eleições legislativas, por força do art.º 151º da Constituição da República.
Hoje concluo que a nossa constituição, pelo menos no que a este artigo diz respeito, é prudente e sábia.
Carlos Augusto Castanheira Penas
Carlos Augusto Castanheira Penas
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