segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Política é o povo e povo somos nós!


Caros companheiros. Antes de abordar propriamente o assunto que me levou a escrever este artigo, gostava de introduzir uma série de elementos que ajudam a enquadrar e dar sentido à minha exposição.
Durante a adolescência, todos nós, de uma forma ou de outra, começamos por “descobrir” o mundo que nos circunda, começamos a perder a ingenuidade que mais tarde, quando adultos, recordamos com nostalgia. A adolescência, para além de uma fase que se pauta por inúmeras alterações hormonais, podemos dizer, também, que é um período de irreverência e contestação, aliás, Che Guevara ainda vais mais longe ao afirmar que “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Na minha opinião, o fundo que preside este estado de inconformidade característico nos jovens deve ser entendido como algo positivo, uma vez que pelo menos contribui para o desenvolvimento do sentido crítico, do questionar, de duvidar daquilo que nos é imposto, impedindo, desta forma, que mais tarde sejamos seres acríticos, meros autómatos subservientes, condição avessa à manutenção de um Estado Democrático mas favorável a um regime totalitário, já que os cidadãos não precisam de participar ativamente na vida política, havendo um conjunto de “iluminados” capazes de conduzir o rumo da nação de forma incontestável.
Ora, se estar em democracia passa, também, por ter uma postura ativa, dinâmica nas mais variadíssimas esferas que interferem a condução de um povo, de um país, ou de uma região, não podemos ser simples contestatários de rua, praticantes do desporto nacional nº 1: ser treinador de bancada, é preciso bem mais que isso…
Como qualquer outro jovem, durante a minha adolescência, ao aperceber-me dos diversos flagelos que afetam as nossas sociedades questionei a legitimidade do sistema político, económico e religioso, já que apesar de deterem a força motriz para o desenvolvimento da humanidade, paradoxalmente são responsáveis por conflitos, fome, desigualdades sociais… Com o fim da adolescência e início da idade adulta senti a necessidade de me tornar um cidadão mais ativo e comecei por explorar o meu interesse pela política. Após me informar devidamente percebi que os meus valores se enquadravam com a matriz ideológica defendida pelo Partido Social Democrata. Decidi fazer-me militante. Naquela altura, para ser sincero, sabia pouco sobre juventudes partidárias, apenas pretendia aproximar-me mais do “mundo” da política, perceber como este opera, manter-me informado e, se possível, dar o meu contributo ao PSD. Mais tarde, e sem que disso estivesse à espera, surgiu a oportunidade de ingressar numa lista candidata à Comissão Política da JSD Concelhia de Chaves, pela primeira vez senti que realmente seria esta a grande oportunidade de fazer política, aprender e trabalhar com tantos outros jovens cheios de vontade e determinação em participar ativamente naquele projeto ambicioso, seja através da reflexão e criação de propostas que defendam e salvaguardem os interesses da juventude, seja dinamizando e reforçando toda a estrutura.
Na JSD aprendi que as juventudes partidárias têm um papel determinante na nossa democracia, não só na óbvia defesa dos direitos dos jovens e na própria renovação dos quadros políticos - tal deve necessariamente ocorrer sob pena de pessoas assumirem cargos de extrema responsabilidade sem qualquer experiência política - como também, e a meu ser este o ponto central, na sensibilização e tomada de consciência dos jovens da importância de participarem ativamente na vida política. Foi precisamente esta ideia que motivou a minha reflexão e por isso mesmo gostaria de a explorar com maior profundidade. Sem querer fazer generalizações abusivas, podemos afirmar, infelizmente, que a opinião pública tem uma ideia muito pejorativa do “político”, este é visto como alguém desligado de valores e ideais coletivos, alguém que se move estritamente pelos seus próprios interesses, tirando partido da posição que ocupa para amealhar avultadas quantias de dinheiro “à custa dos cidadãos”. Numa palavra, o político, para o povo, é uma espécie de ser imoral, egocêntrico, facilmente corrompível, insensível ao sofrimento alheio.
Independentemente das críticas e do descrédito de que hoje é alvo, a política será sempre a profissão mais nobre! Se atentarmos à génese da política - arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados – e lermos aquilo que os teóricos preconizam relativamente ao contrato social, percebemos que o Homem, no seu “estado natural”, isento de qualquer tipo de vinculação a normas, vivendo assim num estado de conflito permanente, abdicou de parte da sua liberdade para que uma autoridade fosse capaz de garantir o usufruto do seu remanescente em segurança. Ora, pergunto eu, esta sublime tarefa de “gerir a liberdade” de centenas, milhares, milhões de pessoas não deveria ser a mais prestigiante, honrosa e louvável?
Enquanto jovem membro de uma juventude partidária, preocupa-me bastante esta espécie de “bullying” que muitos de nós sofrem quando revelam a sua filiação partidária. As pessoas, no âmbito geral, já não acreditam em partidos, e os jovens que os acompanham são rotulados como “alpinistas” sociais, indivíduos que desde tenra idade abanam bandeiras nos comícios na esperança de mais tarde serem “recompensados”. Digo-vos com toda a sinceridade que esta imagem estereotipada criada pelos cidadãos relativamente à classe política me tem vindo a preocupar bastante. Sabendo nós a missão e o papel do político na sociedade civil, na minha opinião, este descrédito de que tem vindo a ser alvo é uma autêntica machadada à nossa democracia, pois compromete e fragiliza a legitimidade das instâncias estaduais, impedindo, desta forma, o seu bom desenvolvimento.
Cabe-nos a nós, militantes e responsáveis por funções partidárias, alterar esta condição através do exemplo, demonstrar que os altos cargos políticos, seja no poder central, seja local, apenas devem ser ocupados pelos melhores, pelos mais dotados e credíveis, pessoas que pelo seu esforço, trabalho e dedicação em torno do bem comum, merecem assumir a responsabilidade de governar. Tal como disse Sá Carneiro, importa “saber estar e romper a tempo, correr riscos da adesão e da renúncia, pôr a sinceridade das posições acima dos interesses pessoais – isto é a política que vale a pena!”

Saudações social-democratas
Nuno Montalvão

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