Dizia
eu no início do meu último post, que “a indignação num estado democrático deve
ser educada, pedagógica e constante, mas sem insultos, difamação e má
educação De outro modo, é contraproducente e não consegue atingir o
objetivo pretendido”. Volto a esta frase, desta vez para realçar, a
manifestação de indignação e luta empreendida pelos advogados de Chaves ao
longo desta semana, e que com certeza se estenderá pelas seguintes.
Aproveitando
um evento que concentra milhares de pessoas, os advogados compareceram em massa
na Sessão de Abertura da Feira dos Santos, e desfilaram em protesto pelas ruas,
durante os dias da Feira, chamando a atenção da população, para as graves
alterações que estão a ser propostas no âmbito do novo mapa judiciário, que em
muito irão penalizar os cidadãos aqui residentes.
Questionada
sobre o impacto desta reforma no interior do país, a ministra Paula Teixeira da
Cruz admite que as mudanças não são pacíficas, mas nega que a reforma esteja a
"desertificar o Interior". Com certeza a Senhora Ministra não vive no
interior do país, e desconhece portanto as implicações de uma deslocação de 140
kms de viagem e 15 euros de portagens, para prestar declarações ou estar
presente num julgamento.
Ocorre-me
perguntar, onde fica neste caso a preocupação com a produtividade das empresas
e do país, quando se pede a um cidadão que se percorra uma tal distância,
suportando os elevados custos com combustíveis e portagens inerentes, e
perdendo por conseguinte um dia de trabalho. Quantos feriados terão que ser
eliminados para repor esta perda de produtividade? Isto para já não falar na
obstrução ao direito à justiça, que a medida representa. Quem menos recursos
tem, passará com certeza a pensar duas vezes antes de recorrer aos tribunais!
Preocupados
com estes e outros problemas, os advogados locais convocaram para o próximo dia
7 de Novembro pelas 10h no Largo General Silveira, uma manifestação de
indignação contra a desclassificação e desvalorização do Tribunal de Chaves, na
qual todos os flavienses devem comparecer, para com dignidade defender e lutar
pelos seus legítimos direitos e interesses.
Ana
Coelho
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