domingo, 25 de novembro de 2012

DILEMA DO PRISIONEIRO


Da Teoria dos Jogos e Afins

O Dilema dos Prisioneiros é um jogo muito famoso, estudado em Teoria dos Jogos, que representa bem o dilema entre cooperar e trair, e que pela atualidade, merece sempre a nossa atenção e reflexão.

Resumidamente, a história é a seguinte. Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia não tem provas suficientes para os condenar, então separa os prisioneiros em salas diferentes e oferece a ambos o mesmo acordo:

  1. Se um dos prisioneiros confessar (trair o outro) e o outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre, enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos;
  2. Se ambos ficarem em silêncio (colaborarem um com o outro), a polícia só pode condená-los a 1 ano cada um;  
  3. Se ambos confessarem (traírem o comparsa), cada um cumpre 5 anos de cadeia.


Cada prisioneiro toma a decisão sem saber a escolha do outro – eles não podem conversar. Como vai reagir o prisioneiro? Existe alguma decisão racional a tomar? Qual seria a sua decisão? Cada jogador quer ficar preso o menor tempo possível, ou seja, maximizar o seu resultado individual. Qual a melhor decisão?

Em Teoria dos Jogos (e na vida real também…), trair é a Estratégia Dominante, ou seja, aquela que apresenta o melhor resultado independente da decisão do outro jogador. O grande problema do Dilema do Prisioneiro, é que este equilíbrio não é o melhor resultado possível, pois existe outra possibilidade que é melhor: se ambos colaborarem (ficarem em silêncio), cada um fica apenas com um ano de prisão.

Este dilema, é uma abstração de situações comuns, onde a maximização do interesse individual, conduz à traição mútua, enquanto que a colaboração, melhoraria a situação de ambos. Poderíamos pensar, que isto só ocorre porque as pessoas não podem conversar e concertar ações, mas tal não é necessariamente verdade. Você quer colaborar (ficar em silêncio), mas quem garante que o seu parceiro fará o mesmo?
Qual é a sua confiança no outro jogador? Quem lhe garante que no último instante ele não o vai trair, justamente sabendo que você vai colaborar?

Este Dilema só se coloca, porque a defesa dos interesses individuais, sobrepõe-se quase sempre à defesa dos interesses coletivos, ainda que todos saiam vencedores com uma estratégia de defesa dos interesses comuns! Criamos e vivemos numa sociedade individualista e egoísta, onde todos se concentram no seu próprio umbigo, com claros prejuízos para a coletividade, e consequentemente para nós próprios.

O Dilema do Prisioneiro, é na verdade um Dilema da Confiança…o Dilema do nosso país e dos nossos dias!

Ana Coelho

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