Da Teoria dos Jogos e Afins
O Dilema dos Prisioneiros é um jogo
muito famoso, estudado em Teoria dos Jogos, que representa bem o dilema entre
cooperar e trair, e que pela atualidade, merece sempre a nossa atenção e
reflexão.
Resumidamente, a história é a
seguinte. Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia não tem
provas suficientes para os condenar, então separa os prisioneiros em salas
diferentes e oferece a ambos o mesmo acordo:
- Se um dos prisioneiros confessar (trair o outro) e o outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre, enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos;
- Se ambos ficarem em silêncio (colaborarem um com o outro), a polícia só pode condená-los a 1 ano cada um;
- Se ambos confessarem (traírem o comparsa), cada um cumpre 5 anos de cadeia.
Cada prisioneiro toma a decisão sem
saber a escolha do outro – eles não podem conversar. Como vai reagir o
prisioneiro? Existe alguma decisão racional a tomar? Qual seria a sua decisão?
Cada jogador quer ficar preso o menor tempo possível, ou seja, maximizar o seu
resultado individual. Qual a melhor decisão?
Em Teoria dos Jogos (e na vida real
também…), trair é a Estratégia Dominante, ou seja, aquela que apresenta o
melhor resultado independente da decisão do outro jogador. O grande problema do
Dilema do Prisioneiro, é que este equilíbrio não é o melhor resultado possível,
pois existe outra possibilidade que é melhor: se ambos colaborarem (ficarem em
silêncio), cada um fica apenas com um ano de prisão.
Este dilema, é uma abstração de
situações comuns, onde a maximização do interesse individual, conduz à traição
mútua, enquanto que a colaboração, melhoraria a situação de ambos. Poderíamos
pensar, que isto só ocorre porque as pessoas não podem conversar e concertar
ações, mas tal não é necessariamente verdade. Você quer colaborar (ficar em
silêncio), mas quem garante que o seu parceiro fará o mesmo?
Qual é a sua confiança no outro
jogador? Quem lhe garante que no último instante ele não o vai trair,
justamente sabendo que você vai colaborar?
Este Dilema só se coloca, porque a
defesa dos interesses individuais, sobrepõe-se quase sempre à defesa dos
interesses coletivos, ainda que todos saiam vencedores com uma estratégia de
defesa dos interesses comuns! Criamos e vivemos numa sociedade individualista e
egoísta, onde todos se concentram no seu próprio umbigo, com claros prejuízos
para a coletividade, e consequentemente para nós próprios.
O Dilema do Prisioneiro, é na verdade
um Dilema da Confiança…o Dilema do nosso país e dos nossos dias!
Ana Coelho
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