Num momento particularmente difícil da vida nacional, muito se tem falado de desenvolvimento e crescimento. Palavras como racionalização, eficiência, economias de escala ou competitividade, são hoje usadas até à exaustão. Estranhamente, não tenho visto destacar outros conceitos, que na minha modesta visão, são tão ou mais importantes que estes, no momento de promover o tão desejado desenvolvimento económico e social.
De facto, o desenvolvimento não é um desígnio ou percurso pré-definidol. O desenvolvimento é uma construção colectiva e social que envolve múltiplos actores da socidade, e onde o associativismo e a cooperação deverão ter necessáriamente um papel determinante.
A condução de actividades que visem concretizar objectivos e interesses comuns susceptiveis de promover o desenvolvimento económico e social, através de prácticas associativas, tem sido uma constante ao longo do tempo. Historicamente, o associativismo constituiu-se como uma exigência para a melhoria de diferentes dimensões da vida económica e social das populações de determinado território. Talvez por isso haja autores que defendem:
“[...] potencialmente o associativismo, a cooperação, contêm o desenvolvimento local [...]. A associação expressa uma relação dinâmica, uma relação com movimento, em direcção a um lugar melhor pela cooperação. O desenvolvimento é um processo também fundado em relações sociais associativas, das quais podem nascer formas cooperativa.” (Frantz, 2002)
O desenvolvimento local, é para além de um processo de crescimento económico, também um processo de mudança de paradigmas, que deve ser liderado pela comunidade local em busca da melhoria do seu próprio contexto económico, social e cultural. Por isso, carece de um envolvimento activo dessa comunidade, quer na análise dos problemas com que se debate, quer na busca e construção de soluções para os mesmos.
O fomento do associativismo e da cooperação é, num tempo de racionalização de recursos e de grande emergência económica e social, a pedra angular do desenvolvimento, na medida em que permite a concertação de esforços e competências diversificadas, em torno da resolução de problemas comuns, permitindo uma maior eficiência na aplicação dos recursos disponíveis.
Assim, aproveitando o mote deste espaço, que se pretende de crítica construtiva e produção de ideias, deixo aqui um duplo apelo: ao espírito de união e cooperação dos flavienses, para que concentrem as suas competências e valor, não na crítica fácil e no “bota abaixo”, mas antes na defesa dos seus interesses e construção de melhores alternativas para a sua cidade; mas também às instituições que aqui desenvolvem o seu trabalho, para que procurem aproximar-se e integrar cada vez mais os interesses comuns, para uma acção de cooperação profícua, conducente ao desenvolvimento sustentado do concelho que todos ambicionamos.
Ana Maria Rodrigues Coelho
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