Nos últimos dias, foi notícia Suu Kyi, a líder da oposição birmanesa, que recebeu o Prémio Nobel da Paz no sábado passado, 21 anos depois de este lhe ter sido atribuído.
No meio do turbilhão que ocupava os diferentes blocos informativos, erguia-se a singeleza da aparição de Suu Kyi.
A serenidade da presença frágil da mulher que quis mudar o seu mundo envergonhou-me na condição de cidadã da minha cidade, do meu país e da minha Europa.
Que contributos reais e de comprometimento efetivamos com a nossa terra? Como entendemos as dificuldades quotidianas das nossas gentes?
Envoltos nas grandes questões que fazem a sociedade dos nossos dias – a crise económica, a política nacional e internacional, o mercado europeu e mundial –, esquecemos com ligeireza a dignidade do ser humano e a defesa dos seus direitos mais elementares. Assumimo-nos como uma gota de água no oceano, sem capacidade, sem influência, sem poder, sem força suficientes para resolver as questões do país ou do contexto europeu em que nos encontramos, e sacudimos essa responsabilidade individual na resolução dos problemas que nos afetam.
Olhamos de longe, de “cá” para “lá”, como se as questões sociais, económicas e de fragilidade humana não começassem na nossa rua e cada um de nós não fosse chamado, pela responsabilidade democrática, a colaborar na construção do nosso espaço e no melhoramento das condições de todos nós. Falamos em democracia sem frequentemente participarmos nela.
A subtileza de Suu Kyi atordoa-nos, porque a nossa batalha é infinitamente menor.
"Com Daw Suu, tem-se a impressão de que a paz não é simplesmente a ausência de guerra, mas antes a ausência da guerra em nós mesmos", (Bono, vocalista dos U2, sobre Suu Kyi)
Adélia Morais
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