sexta-feira, 20 de julho de 2012

A importância da “Massa Cinzenta”

Após uma reflexão inicial sobre a competitividade territorial, irei dedicar os meus próximos posts a breves reflexões sobre os recursos que constituem vantagens competitivas para o concelho e que deverão servir de base à definição das suas estratégias de desenvolvimento e crescimento.

Uma das condicionantes-chave do desenvolvimento e competitividade de qualquer território, é a “Massa Cinzenta” de que dispõe, bem como as condições existentes para o seu desenvolvimento e adequado aproveitamento. A capacidade científica e técnica que um determinado território seja capaz de desenvolver, é hoje, mais do nunca, determinante para o seu sucesso. Não basta a abundância de recursos naturais ou materiais, pois no mundo globalizado de hoje, é determinante a capacidade técnica e científica, como forma de garantir a valorização e diferenciação na base de um verdadeiro desenvolvimento sustentado.

Nesta matéria, como em muitas outras, o Concelho de Chaves não se mostra diferente das regiões interiores do país, pois lutam contra um ciclo vicioso negativo cuja origem é difícil de determinar: o desenvolvimento desequilibrado do território nacional determina a perda de população no interior, que por sua vez se traduz na redução do empreendedorismo e da actividade económica, que culminam na perda de atractividade do território, êxodo populacional, implicando um menor desenvolvimento económico e social, e assim sucessivamente.

Assim, parece óbvio que um dos primeiros passos para a promoção do desenvolvimento local, assenta na necessidade imperiosa de atrair e fixar “Massa Cinzenta”, capaz de gerar iniciativa e dinâmica económica e social, susceptíveis de inverter o ciclo vicioso atrás descrito. Por seu lado, cabe ao Investimento Público, a obrigação de oferecer condições adequadas para a fixação de Instituições de I&D e/ou de garantir o acesso das empresas e população local a redes de I&D, para que com base nesse manancial de conhecimento, possam promover uma oferta diferenciada e inovadora, capaz de fazer progredir as empresas na cadeia de valor e criar riqueza para o território.

O Município de Chaves, tem procurado activamente promover esta capacidade científica e técnica no território, criando e disponibilizando todas as condições para a Instalação do Ensino Superior em Chaves, nomeadamente a UTAD e a Escola Superior de Enfermagem. A iniciativa do município é valorosa, mas tem-se revelado insuficiente para contrariar as tendências economicistas e concentracionistas no Ensino Superior português.

Foi por isso que, com grande interesse e expectativa, recebemos a comunicação da UTAD, quanto à futura criação no Pólo de Chaves, de um Campus da Água, em parceria com a Universidade de Vigo, destinado à partilha de experiências, I&D, formação e novos cursos.

O concelho de Chaves dispõe de infra-estruturas de qualidade ao nível do ensino superior, e de uma valiosa tradição de cooperação com a vizinha Galiza, território que partilha dos mesmos problemas e preocupações, mas também dos mesmos recursos, como é o caso do Termalismo e do Turismo. Assim, pareceu-me extraordinariamente pertinente e adequada a estratégia anunciada, uma vez que a mesma, se centra no desenvolvimento de recursos humanos, científicos e tecnológicos, relacionados com uma das mais claras e valiosas vantagens competitivas de que o território dispõe – a água e o termalismo.

A iniciativa será ainda mais interessante, na medida em que seja capaz de motivar e envolver o público institucional e empresarial do concelho, em torno de um objectivo e estratégia partilhados.

Apesar das boas notícias, as forças vivas do Concelho e os seus responsáveis, devem procurar replicar esta iniciativa noutros campos de acção, em que o território disponha de recursos desaproveitados ou sub aproveitados, como no sector agrícola, florestal ou agro-alimentar, procurando novos parceiros, públicos ou privados, que associem o seu know-how e inovação às dinâmicas e recursos locais, criando assim as bases de uma economia sólida e sustentável.

Ana Coelho



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