Nos dias que correm estamos confrontados diariamente com empresas que fecham e lançam trabalhadores no desemprego. As maiores, têm honras duvidosas de ser notícia, mas as largas dezenas de pequenas e médias empresas, que no nosso concelho estão a fechar ou estão com a “corda na garganta”, são ainda mais preocupantes. Estamos perante um abrandamento económico significativo, que motiva o despedimento em massa de mão de obra, muitas vezes com parcas qualificações, que dificilmente encontrará novo emprego. De referir que há poucos anos no nosso concelho existia uma situação que caminhava para o pleno emprego (excluindo neste conceito, os que não querem ou podem trabalhar).
Num quadro económico instável e imprevisível, cabe aos decisores políticos definir um percurso para o desenvolvimento sócio-económico, balizando as áreas económicas em que se quer desenvolver para a criação de emprego e riqueza. Definido esse caminho urge procurar os parceiros que podem e querem investir no nosso concelho. O paradigma da economia industrial parece esgotado, no entanto cabe aqui questionar as razões que levaram a nossa sociedade atual a aniquilar a maior parte das fábricas, que empregavam em massa, produziam riqueza e geravam investimentos vários em seu redor.
Cabe também questionar as razões que motivaram a destruição do único sector económico reprodutivo- a agricultura. Basta auscultar os mais idosos do nosso concelho para entender que uma grande parte da riqueza gerada em Chaves, proveio da agricultura. Obviamente são as condições atuais diferentes. No entanto abandonamos a agricultura sem olhar para trás. Os produtos agrícolas de qualidade e de elevado valor acrescentado, que podiam ser cultivados/produzidos no nosso concelho estão esquecidos. A título de exemplo deixo aqui apenas alguns exemplos: a veiga continua abandonada, apesar de há algumas décadas produzir melão de qualidade e tais quantidades de tomates, que tornavam esse produto quase impossível de escoar. Basta olhar para a região do Ribatejo, que produz uma quantidade apreciável de tomate, tendo atraído pelo menos duas fábricas, uma da Guloso e outra da Compal. Estas unidades produtivas sedaram as suas unidades fabris junto da matéria prima que transformam.
Aqui podíamos referir a batata de Chaves, outrora com fama a nível nacional, o presunto de Chaves, cuja fama e reconhecimento está a ser destruída pelos próprios flavienses, que insistem em vender “gato por lebre” aos turistas lisboetas e outros. O folar, as maçãs que eram produtos de excelência em Chaves, vinhos de qualidade reconhecida, etc. Em poucas palavras referiram-se aqui inúmeros produtos, que devidamente trabalhados poderão significar uma saída para as dificuldades económicas do nosso concelho. Criaram-se mercados abastecedores para escoar os nossos produtos de qualidade e excelência. A obra está construída, mas onde estão os produtos que iriam ser escoados através da plataforma logística a ser criada no mercado abastecedor?
Impõe-se assim uma pergunta: quo vadis Chaves?
Quais são os caminhos que queremos trilhar, para assegurar um futuro sustentado aos nossos filhos no nosso concelho e na nossa região?
Marco Oliveira da Silva
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