O Homem, enquanto ser social, sofre as influências da sociedade em que se insere e adapta a sua personalidade às regras estabelecidas. Mas também, de acordo com fatores mais profundos da sua própria personalidade, tenta influir nela e ajustá-la às exigências que interiormente se criarem nele. Acresce, ainda, que a vida em sociedade tem uma dinâmica que gera e pressupõe efeitos e repercussões no indivíduo – a partir do qual se formam expectativas, se procuram satisfações ou simplesmente se cumprem obrigações.
A industrialização e o desenvolvimento económico criaram, de facto, uma euforia e a ideia de que todos os recursos seriam inesgotáveis. Esta alteração trouxe possibilidades de diferenciação socioeconómica muito superiores às existentes até então, aparecendo, assim, grupos sociais muito diferenciados no acesso aos bens sociais.
Na consequência destas transformações, de uma forma genérica, a sociedade tornou-se consumista e individualista, onde os referenciais e modelos de vida se alteraram profundamente.
Começou aí, verdadeiramente, a crise de(os) valores.
O valor do trabalho produtivo, do respeito pelos outros e da solidariedade, tornaram-se “ausentes” (mas existentes) e desprovidos do valor que as gerações anteriores tinham como marcas fundamentais da vida em sociedade.
Urge reverter esta tendência de vida solitária e egocêntrica e torná-la solidária e altruísta, contribuindo para a realização pessoal, para o sentido comunitário e para a prevenção da marginalidade. Marginalidade dos jovens, dos desempregados e dos mais idosos, que são os mais vulneráveis.
A produtividade como resultado da participação e o sentimento de ser útil faz com que a pessoa humana se sinta mais motivada, mais consciente das suas capacidades/potencialidades para trabalhar em benefício da coletividade, sem medo de se destruir ou desestruturar.
O sentimento profundo de amor só fará sentido se for referido aos outros, na expressão da entrega ou solidariedade.
António José dos Santos
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