A entrada na cidade coincide com o cair da tarde e a chegada permite sempre uma visão de fora para dentro.
Por momentos, perdemo-nos em deambulações mentais e somos forçados a fazer um exercício de memória para recordar o que fomos e o que somos.
Apercebemo-nos da mudança. Num primeiro momento pressentimo-la apenas. Aquela que durante décadas viveu votada ao isolamento encontra agora o seu caminho para o desenvolvimento. Os melhoramentos nas ligações rodoviárias são flagrantes (a A24 e a A7) e permitem um fácil acesso aos grandes centros (Porto e Lisboa). O percurso é mais rápido e menos penoso.
Tornamo-nos mais próximos das decisões políticas - por isso, podemos mais facilmente fazer-nos ouvir, se de uma forma concertada o fizermos - e dos centros económicos e comercias do país - o que pode servir como alavanca para o aumento da competitividade das nossas empresas e facilitar o investimento na nossa zona, beneficiando da ligação estratégica a Espanha.
As deambulações tornam-se físicas pelas ruas da urbe ao entardecer. No local de uma cidade que outrora oferecia pouca qualidade de vida e se apresentava com fraca capacidade de resposta à cada vez mais crescente procura do turismo, surgem atualmente infraestruturas que cativam quem a visita.
Captamos a valorização da zona histórica, percebendo que se aposta no valor do património histórico, cultural e gastronómico como moeda de troca para o turismo.
Encontramos, também, novos espaços verdes e, especialmente, a zona ribeirinha requalificada, quando, durante décadas, vivemos de costas voltadas para o rio.
E, neste nosso deambular, encontramos a zona termal mais moderna e enquadrada, oferecendo um espaço para tratamento clínico, mas também para lazer e de relaxamento, à procura do novo aquista, aquele que faz também turismo.
Voltamos à deambulação mental. Percebemos Aquae Flaviae no caminho certo para o avanço sustentado nos pilares económico, histórico-cultural e de lazer.
É mais fácil hoje chegar cá. É mais fácil hoje viver aqui.
Adélia Morais
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