sexta-feira, 27 de julho de 2012

In/En(formar)


Nesta aldeia global em que vivemos, onde o acesso à informação é imediato, as pessoas têm oportunidades reais de estar em permanente contacto com tudo o que se passa em qualquer ponto do mundo e usufruir de todas as vantagens que essa informação possa trazer.
O caminho para a homogeneidade de respostas para os diversos problemas levanta, contudo, alguns embaraços na articulação entre os diferentes aspetos relativos à coerência educativa que é necessária ao longo da vida e nos seus vários estádios de desenvolvimento.

A homogeneidade é o resultado da massificação do ensino e da globalização da publicidade. A esta forma alienante de in/en(formar), importará opor a consciência da individualidade, sobretudo com modelos de referencialidade acessíveis e ao mesmo tempo não tão mutáveis (como por exemplo a moda do vestuário, da música, etc.). Acresce que a referência à globalização no acesso à informação [científica, cultural, política, financeira…] que interessa é um mito. Nem todos têm acesso a essa informação. Está reservada a um escasso número de pessoas.
A educação há de fazer-se, também, no sentido da consciencialização sobre o necessário e o supérfluo para evitar a angústia do consumismo e o exacerbamento da concorrência.

O dilema entre uma escola produtora de nova cultura e reprodutora da existente tem de ser superada por uma escola de convergência de cultura e de expectativas para consciencializar sobre a mudança e a superação. Mas, o grande dilema que, no presente, se coloca não é esse: é, antes, o do desfasamento entre a quantidade de informação acessível e a dificuldade do seu aproveitamento em moldes de relação humana.
À escola, ainda, estão reservadas duas tarefas insubstituíveis: alertar para a relatividade do saber e estimular para a descoberta; e ajudar a dar sentido humano ao saber em especial e à vida em geral.
Será, pois, na partilha intra e intercultural que poderá estar o segredo do sucesso para o que parece ser uma desorientação global da função da escola e até da organização e relação social.
A complementaridade da formação humana exigida à escola, e por via mesmo da complexidade atual, tem de ser exercida de uma forma mais ampla, pela educação comunitária, num conjunto de meios e épocas que reúnam a formalidade e a informalidade.
A recuperação do sentido educativo global permitirá a aquisição de padrões de referência mais homogéneos e seguros e fará com que os jovens representem os adultos, como seres interessados na perpetuação, que só os mais novos podem garantir dentro de parâmetros concomitantes de atualização.

António José dos Santos

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