Nesta aldeia global em que vivemos,
onde o acesso à informação é imediato, as pessoas têm oportunidades reais de
estar em permanente contacto com tudo o que se passa em qualquer ponto do mundo
e usufruir de todas as vantagens que essa informação possa trazer.
O caminho para a homogeneidade de
respostas para os diversos problemas levanta, contudo, alguns embaraços na
articulação entre os diferentes aspetos relativos à coerência educativa que é
necessária ao longo da vida e nos seus vários estádios de desenvolvimento.
A homogeneidade é o resultado da
massificação do ensino e da globalização da publicidade. A esta forma alienante
de in/en(formar), importará opor a
consciência da individualidade, sobretudo com modelos de referencialidade
acessíveis e ao mesmo tempo não tão mutáveis (como por exemplo a moda do
vestuário, da música, etc.). Acresce que a referência à globalização no acesso
à informação [científica, cultural, política, financeira…] que interessa é um
mito. Nem todos têm acesso a essa informação. Está reservada a um escasso
número de pessoas.
A educação há de fazer-se, também, no
sentido da consciencialização sobre o necessário e o supérfluo para evitar a
angústia do consumismo e o exacerbamento da concorrência.
O dilema entre uma escola produtora de
nova cultura e reprodutora da existente tem de ser superada por uma escola de
convergência de cultura e de expectativas para consciencializar sobre a mudança
e a superação. Mas, o grande dilema que, no presente, se coloca não é esse: é,
antes, o do desfasamento entre a quantidade de informação acessível e a
dificuldade do seu aproveitamento em moldes de relação humana.
À escola, ainda, estão reservadas duas
tarefas insubstituíveis: alertar para a relatividade do saber e estimular para a
descoberta; e ajudar a dar sentido humano ao saber em especial e à vida em
geral.
Será, pois, na partilha intra e intercultural
que poderá estar o segredo do sucesso para o que parece ser uma desorientação
global da função da escola e até da organização e relação social.
A complementaridade da formação humana
exigida à escola, e por via mesmo da complexidade atual, tem de ser exercida de
uma forma mais ampla, pela educação comunitária, num conjunto de meios e épocas
que reúnam a formalidade e a informalidade.
A recuperação do sentido educativo
global permitirá a aquisição de padrões de referência mais homogéneos e seguros
e fará com que os jovens representem os adultos, como seres interessados na
perpetuação, que só os mais novos podem garantir dentro de parâmetros
concomitantes de atualização.
António José dos Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário