Salvaguardando as imprecisões que o longo percurso da história parcamente documentada poderá tornar como certas, Agrela talvez derive de Agrella(m) ou Agrilla(m). De uma forma ou de outra, a base do topónimo seria “campo”. Aceita-se comummente que fosse no início um conjunto de campos agrícolas, à volta dos quais se foi fixando a população, dentro do então município de Ervededo.
Do nome conserva a paisagem natural de manchas cultivadas no seio da vegetação selvagem que teima hoje em invadir grande parte dos seus limites.
Ecoam ainda vestígios da possível idade medieval – a fonte dedicada àquela que passou a ser a patrona desta localidade (Santa Marinha).
Também, a antiga ponte, que resiste, por onde se transportava a produção de seda que recua à primeira carta-foral dada às terras de Ervededo, é memória do aproveitamento de parte do território de Agrela para o cultivo da amoreira e da criação do bicho da seda.
As marcas de fortes vivências comunitárias encontram-se nos lavadoiros e fornos públicos, na eira e no cruzeiro, que, apesar da degradação e inutilidade atuais, permanecem como testemunhos de vidas partilhadas nos rituais do amassar/cozer do pão, do lavar da roupa, do malhar do grão ou do comprometimento religioso.
- Aquela - dizem - era uma vida mais sã!
Na atualidade persiste ainda um pouco dessa interação da comunidade. Na entreajuda nos trabalhos agrícolas e no convívio que se estabelece entre as gentes da terra na associação recreativa.
De resto, perdeu já a agitação de outros tempos. Agrela é hoje um agradável recanto rural, onde a tranquilidade e a pacatez imperam.
Numa localidade que, tal como todas as do concelho, carrega o peso de uma população cada vez mais envelhecida, haveria muito a fazer. Porém, começar pela limpeza das bermas das ruas e pelo controlo da água que fornece todas as casas faria já a diferença.
Pequenas ações. Mas passa por aí também o atenuar dos efeitos da crise e das dificuldades que os mais desprotegidos (os idosos) poderão experimentar. Assim, a solidão e o isolamento são menos sentidos e dignifica-se o viver quotidiano das pessoas que teimam heroicamente em não deixar morrer a terra que as viu nascer.
Penso ser este um dos deveres do órgão político local, que mais próximo deles está – a junta de freguesia.
Este texto tinha de se cumprir pelo que devo às minhas raízes e à minha terra.
Adélia Morais
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